sexta-feira, 15 de julho de 2011

JUAZEIRO: 133 ANOS !!!

Eu poderia ressaltar todos os defeitos daquela menina. Porém, muito já o fazem cotidianamente, levando-me então, a sair da rotina, ou melhor,sair dessa parcela de pessoas que vivem apenas dos pontos negativos de alguém. Tão boms seria se todos se dispusessem a enxergar o lado bom das coisas. Com certeza, as tristes lamentações dariam espaço a um modo mais simples de vermos as coisas.
Pois bem, ela era uma menina que como qualquer outra, tinha e tem suas fragilidades, fato este inerente à vida. Todavia, algo nela despertou-me a atenção. Menina simples, leve que traz e transmite uma ternura a todos aqueles que ao seu redor vivem. Por mais que tentemos engajá-las num padrão, ela insiste em diferenciar-se na multidão e a cada dia, mesmo com todos os seus defeitos, tem conseguido deixar prevalecer suas qualidades e potencialidades.
Oh, bela menina! és inspiradora de músicos e poetas os quais veem em tua beleza ,um lirismo capaz de fazer falar o mais tímido dos homens. E quem diria...ainda está na flor da idade e já deu vida a tantos filhos gigantes, os quais herdaram de ti qualidades distintas . É só observar o sucesso de seus descendentes: João Gilberto, Ivete Sanlo, Daniel Alves , o filho de coração Targino Gondim e tantos outros, os quais de um modo ou de outro, por onde caminham levam o teu nome e a tua identidade.
Ah,Juazeiro! o tempo tem passado para ti, que até ontem era uma pequena menina. Hoje, percebemos teu progresso e os rumos de possíveis mudanças. Porém, o bom é perceber que vives o presente, mas não renega o passado. Quem como tu, carrega a beleza das lavadeiras, dos pesacadores, do nego D' água,da carranca...? os quais embora sejam apenas lenda,ficarãos sempre nas memórias dos teus filhos? Menina querida, teus filhos sabem do teu valor, teus filhos receberam o teu amor, e, neste dia especial, demonstro o quanto lhe sou grata, por teres te erguido e me recebido em teu lar. Quantas famílias cá se formaram? Quantos estrangeiros aqui se naturalizaram? Quantos já partiram e voltaram, pois o aconchego só no teu colo o encontraram?

Neste dia, menina querida, em que você nasceu... eu (tua filha) tenho o dever não de te fazer cobranças, mas sim, de retribuir-lhes por todos os momentos em que aqui, no teu colo,pude crescer e construir minha história. E mais que isso, paro para refletir e perceber que somos NÓS, filhos já crescidos os responsáveis por cuidar e lutar por teu progresso e assim como tu,enquanto mãe,nos possibilitou meios de progressão, devemos agora, buscar meios para tua continuada evolução.

Eu te amo, menina querida... mãe que a cada dia, dá vida a um novo ser, a um novo talento, a um novo rumo. Te amo não somente por teu exterior, pois as aparências enganam. Amo a ti, por teres me despertado e fazer acreditar que dias melhores virão. Juazeiro, meu amor nasceu da tua força, de tudo aquilo que dentro de ti está e que tem ajudado da construção da minha identidade, do meu interior, do meu orgulho de ser ribeirinha. Amor este que não se mede, não se compra e não se desmancha nos primeiros empecilhos e dificuldades que cruzam teus passos, mas que se renova a cada vez que ao te presenciar cair, a ponto de não mais se erguer, vejo-te levantar mais forte e esperançosa para retirar " a pedra que havia no meio do caminho" e prosseguir.

Por isso, amo-te não só por tuas qualidades, mas também por teus defeitos. Os momentos bons são os que importam e solidificam; enquanto os ruins "desmancham no ar", são passageiros. Não importa aonde eu vá, digo pois ao mundo inteiro, lugar bom para se criar é só mesmo em Juazeiro. O significado do meu apreço por ti, não consta em nenhum dicionário; as palavras não seriam precisas o necessário para traduzirem tamanha alegria que sinto por ser tua filha e poder compartilhar meu amor neste teu aniversário.


A verdade é que "eu nasci aqui,eu vivi aqui, sou feliz aqui....Juazeiro ! "

terça-feira, 12 de julho de 2011

"Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem. Lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize". (Boaventura Santos)





Enquanto estudante de Pedagogia e Ciências Socias, há tempo escuto um discurso que defende o respeito às diferenças, a subjetividade e identidade de cada ser, pois como disse Augusto Cury: "Somos atores únicos no teatro da existências".
Todavia, às vezes me vejo a defender uma falatória que embora esteja na moda(teoricamente), ainda não tem praticidade. E não tem praticidade porque o preconceito brasileiro é camuflado, é escondido; motivo este que contribui fortemente para que esse problema até os dias atuais, ainda esteja tão enraizado. Parece-me que a maioria dos indivíduos acredita e segue a risca a visão de Maquiavel: "Mais vale parecer a de fato ser." Tratamos deficientes como se fossem fantoches, os quais necessitam sempre de alguém que "fale" e pense por eles;, ficamos pasmos quando vemos algum "deles" beber, fumar, remexer-se. Com certeza, agimos de tal forma, porque até então, tínhamos um pré - conceito de que eles não podem realizar ações que nós executamos cotidianamente.
O pensamento que as pessoas têm acerca da incapacidade de um deficiente pode ser modificado, senão, amenizado, a partir do FILME: GABY - UMA HISTÓRIA VERDADEIRA.
O filme nos possibilita um maior contato com as dificuldades enfrentadas por pessoas especiais, permite observar e identificar nossos preconceitos, que por vezes, passam despercebidos. É possível compreender questões que envolvem a família dos portadores de necessidades especiais, assim como, sua importância e interferência positiva ou negativa na vida desses indivíduos. Percebe-se também, o quanto a escola/universidade estão carregadas de empecilhos e limitações que não favorecem o desenvolvimento cognitivo desse público, o qual frequentemente tem sido taxado de incapaz e improdutivo.
O filme mostra uma mulher que mesmo tendo uma porção de limites, sente desejos e enfrenta os medos a fim de realizá-los. Com certeza, traz um novo olhar para o debate sobre "o ser diferente", pois desmistifica uma série de ações, que até então, guiadas por preconceitos...nos levava a acreditar que eram impossíveis de serem realizadas por um deficiente nas condições de Gaby e de outros tantos.
Para a curiosidade de todos, gaby, uma MULHER que nasce com paralisia cerebral, não fala e tem apenas o movimento do PÉ esquerdo, concretiza ações como qualquer mulher dita normal e vai além de muitas delas. Ela se apaixona, encontra um namorado, bebe, fuma, tem relações sexuais, termina o curso superior, é editora chefe de uma empresa, publica artigos, livros e por fim, adota uma criança . E pasmem, tudo isso é realizado por uma mulher que mexe apenas 1 pé. Definitivamente, ao assistir a esse filme, muitos mudarão não só a visão que têm sobre os deficientes, como também, o modo de enfrentar os próprios medos e desafios.